terça-feira, 14 de setembro de 2010

“Aspectos teóricos da imagem e do som: O Simulacro”



Experiência com o simulacro

















A experiência digital remete não a uma essência, mas sobretudo a um estilo, um jeito de sentir. É uma experiência de espelháveis, uma refletindo e sobrepondo a outra infinitamente envolvidos e desenvolvidos. Está em movimento perpétuo, mesmo no aparente repouso. Movimento de uma massa espelhada que se expande em todas as direções, inclusive sobre e sob e intra si mesmo. O fluxo de uma matéria espelhada e com luminosidade própria que deixa de ser própria ou fica sob suspeita quando constantemente reflete. Ondas fluídas que se auto-refletem com luminiscência própria. Um contínuo recurvar-se. Dobrar, desdobrar e redobrar. Assim é a experiência digital. É a experiência com o mesmo e com o outro sem discerni-los. Um contínuo remontar-se. Um turbilhão de luz e sombras. Cavernas e protuberâncias. "a tendência da matéria para transbordar o espaço, para conciliar-se com o fluído, ao mesmo tempo que as próprias águas se repartem em massas." Massas liquidas de metal radiante e cromado que se espelha e reespelha ao infinito. Estamos no território da fluidez e da elasticidade.E caminhamos nesse território ao estilo do nômade, do andarilho. O olhar é de relance.O pensamento nesse campo tende e sustende, contrai e dilata, comprimi-se e se dilata. Flexiona-se. Uma caverna na caverna.




(texto: Ícones, visões e simulacros. In Pensando o Ritual, de Mario Perniola)


Uma janela sobre a imagem e o som na época contemporânea e seus atributos implícitos e implícitos nos ajudam a entender a forma de pensar e ser que emergem das tecnologias informáticas.



O paradoxo dos telespectadores (Ensaísta alemão Hans Magnus Enzenberger)

- ICONOFÍLICOS - ICONOCLASTAS

Alguns conceitos / preceptos / funções

Simulacro
Rizoma
Manipulação
Limiaridade
Trânsito

IMAGO EIDOS
ÍCONOS

O simulacro

Citações de Perniola

Definições:

“Uma nova posição irredutível à iconofilia e à iconoclastia tradicionais”

“O simulacro não é ícone nem visão; ele não mantém uma relação de identidade com o original, com o protótipo, nem implica a laceração de todas as aparências e a revelação de uma verdade pura, substancial.”

Condições constitutivas:

“A renúncia à afirmação metafísica da identidade das coisas e do mundo.”

“O reconhecimento do valor histórico...da experiência.”

Características do simulacro:

Imagem sem identidade

Não é idêntico a nenhum original exterior

Não possui uma originalidade autônoma própria

Imagem que é dada como imagem

Imagem enquanto imagem

Não possui status artístico

Uma construção artificiosa

Não possui protótipo externo

Não é ele mesmo um protótipo

Relaciona-se com as técnicas de reprodução da imagem

Não guarda relação nenhuma com autonomia da arte

Uma imagem sem ser

O essencial é sua exterioridade vazia

Incapaz de irradiar um significado e um sentido unívoco

Qualquer coisa pode significar qualquer outra coisa

Não possui preocupação realista ou visionária

Pode ser qualquer imagem ou qualquer estilo



Um manipulador de simulacros:


 É um explorador e um construtor cooperativo de um universo de dados.
 Trabalha com hiperdocumentos que remetem uns aos outros em rede.
 Constrói sua própria ou coletiva rede semântica fluída e rizomática.
 Trabalha num processo recursivo de criação e transformação de uma memória-fluxo.
 Realiza a transformação cooperativa e contínua de uma reserva informacional.
 A idéia de autor torna-se secundária ou mesmo inexistente.
 O realizador transmidiático é um intérprete de um tema ou motivo pertencentes ao patrimônio de uma comunidade.
 O realizador transmidiático é um organizador de uma criação coletiva, sem autor, um retransmissor inventivo.




Próxima leitura

}O inumano (Jean-François Lyotard), especialmente A obediência

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