sexta-feira, 23 de abril de 2010

educação na cidade transmidiática

Educação na cidade transmidiática
(Prof. Dr. Mesac Roberto Silveira Jr)

Numa megalópole como São Paulo, onde o fluxo de informação como imagens e sons estão em constante mutação, onde são ininterruptos os deslocamentos de pessoas entre os signos que se espalham sobre a “pele” da cidade (vistos de relance através de ônibus, metrôs, carros, motocicletas, a pé) ou transeuntes que vagam com seus aparelhos mp3 conferindo uma trilha sonora às paisagens contempladas. Numa megalópole onde, por exemplo, fazendo pleno uso das tecnologias da comunicação digitais, estudantes da EMEF Prof. Francisco da Silveira Bueno se mantém em constante diálogo com professores, inclusive aos finais de semana, através das redes sociais da internet, onde o Secretário de Educação e grande número de educadores atualizam suas inserções no Twitter diversas vezes ao dia, onde milhares de professores já podem ser formados à distância através de plataformas educacionais, pode-se falar de uma megalópole em rede, uma megalópole eletrônica, virtual, que se hibridiza mesclando o privado e o público. Instaura-se uma cidade transmidiática, na qual os diversos fluxos de informação e percepção se mesclam de forma indissociável.

Numa megalópole assim, onde espaço, tempo e materiais ganham novos sentidos, somos instados a ser educadores que transitam habilmente entre essas diferentes referências midiáticas. Transitamos numa megalópole também em trânsito. Numa era de movimento e deslocamento, época de verdades transitórias, conhecimentos provisórios e identidades mutáveis, a educação é prática que oferece densidade a esse processo. Se o educador é o grande instaurador dos ritos de passagem desde as sociedades imemoriais, na sociedade e na megalópole contemporânea sua função se desdobra porque a própria cidade e seus habitantes estão ininterruptamente de passagem e os rituais se instauram em plena transição.

Na megalópole transmidiática, os estudantes não apenas interagem com seus colegas pela rede social digital, mas também, continuam seu processo educativo final de semana à dentro, trocando mensagens, imagens e músicas com seus professores. Esse estudante pode até ter linha direta com o Secretário de Educação por meio do Twitter. Por seu lado, o educador, em pleno domingo amplia suas informações sobre a família, os gostos, em fim, o mundo cultural e estético dos seus alunos.

Numa cidade que passa a ser, sobretudo, lugar de comunicação, no sentido de deslocamentos e de relação, os estudantes se reúnem em lan houses após ou antes do período escolar e leem, escrevem, apreciam, produzem e trocam imagens, filmes e músicas. Exercitam tarefas, habilidades e competências num ambiente complexo, com diferentes usuários e linguagens ao mesmo tempo. Nesse contexto, as inúmeras salas de informática espalhadas pelas escolas da rede pública são extensões dinâmicas de uma megalópole comunicativa em constante mutação, onde se fundem a tecnologia, o conhecimento, o território, a paisagem e o habitar.

Habitar e atuar nesse território inédito e enigmático que é a megalópole transmidiática permite ao educador experiências híbridas com espaço e tempo que se projetam além das dimensões arquitetônicas e rotinas formais e superam tempo (Kronos) cronológico, sistemático, e rumam em direção ao tempo Kairós, tempo da graça, da oportunidade. O arquitetônico e o cronológico não desaparecem, mas se hibridizam midiaticamente.

Termino esse texto com mais dois exemplos dessa interconexão midiática. O da Diretora da EMEE Helen Keller que atualiza assiduamente suas inserções no Twitter realizando um importante tipo de crônica intelectual, formativa, crítica, lúdica e cotidiana sobre a educação e a cultura em geral e o universo dos surdos. E o depoimento da Coordenadora Pedagógica da EMEI Alberto de Oliveira que me relatou a experiência de uma mãe que encontrava alivio da ansiedade de deixar seu filho pequeno na escola quando a Coordenadora lhe enviava por celular uma foto da criança feliz e brincando tirada apenas alguns minutos depois que a mãe se ausentava.

Definitivamente a escola extrapola seus muros e paredes e a comunicação se faz em mão dupla na cidade transmidiática, interconectando educacionalmente as praças, as ruas, as avenidas, as casas e seus cibercidadãos.

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