

Experiência com o simulacro
A experiência digital remete não a uma essência, mas sobretudo a um estilo, um jeito de sentir. É uma experiência de espelháveis, uma refletindo e sobrepondo a outra infinitamente envolvidos e desenvolvidos. Está em movimento perpétuo, mesmo no aparente repouso. Movimento de uma massa espelhada que se expande em todas as direções, inclusive sobre e sob e intra si mesmo. O fluxo de uma matéria espelhada e com luminosidade própria que deixa de ser própria ou fica sob suspeita quando constantemente reflete. Ondas fluídas que se auto-refletem com luminiscência própria. Um contínuo recurvar-se. Dobrar, desdobrar e redobrar. Assim é a experiência digital. É a experiência com o mesmo e com o outro sem discerni-los. Um contínuo remontar-se. Um turbilhão de luz e sombras. Cavernas e protuberâncias. "a tendência da matéria para transbordar o espaço, para conciliar-se com o fluído, ao mesmo tempo que as próprias águas se repartem em massas." Massas liquidas de metal radiante e cromado que se espelha e reespelha ao infinito. Estamos no território da fluidez e da elasticidade.E caminhamos nesse território ao estilo do nômade, do andarilho. O olhar é de relance.O pensamento nesse campo tende e sustende, contrai e dilata, comprimi-se e se dilata. Flexiona-se. Uma caverna na caverna.
(texto: Ícones, visões e simulacros. In Pensando o Ritual, de Mario Perniola)
Uma janela sobre a imagem e o som na época contemporânea e seus atributos implícitos e implícitos nos ajudam a entender a forma de pensar e ser que emergem das tecnologias informáticas.
O paradoxo dos telespectadores (Ensaísta alemão Hans Magnus Enzenberger)
- ICONOFÍLICOS - ICONOCLASTAS
Alguns conceitos / preceptos / funções
Simulacro
Rizoma
Manipulação
Limiaridade
Trânsito
IMAGO EIDOS
ÍCONOS
O simulacro
Citações de Perniola
Definições:
“Uma nova posição irredutível à iconofilia e à iconoclastia tradicionais”
“O simulacro não é ícone nem visão; ele não mantém uma relação de identidade com o original, com o protótipo, nem implica a laceração de todas as aparências e a revelação de uma verdade pura, substancial.”
Condições constitutivas:
“A renúncia à afirmação metafísica da identidade das coisas e do mundo.”
“O reconhecimento do valor histórico...da experiência.”
Características do simulacro:
Imagem sem identidade
Não é idêntico a nenhum original exterior
Não possui uma originalidade autônoma própria
Imagem que é dada como imagem
Imagem enquanto imagem
Não possui status artístico
Uma construção artificiosa
Não possui protótipo externo
Não é ele mesmo um protótipo
Relaciona-se com as técnicas de reprodução da imagem
Não guarda relação nenhuma com autonomia da arte
Uma imagem sem ser
O essencial é sua exterioridade vazia
Incapaz de irradiar um significado e um sentido unívoco
Qualquer coisa pode significar qualquer outra coisa
Não possui preocupação realista ou visionária
Pode ser qualquer imagem ou qualquer estilo
Um manipulador de simulacros:
É um explorador e um construtor cooperativo de um universo de dados.
Trabalha com hiperdocumentos que remetem uns aos outros em rede.
Constrói sua própria ou coletiva rede semântica fluída e rizomática.
Trabalha num processo recursivo de criação e transformação de uma memória-fluxo.
Realiza a transformação cooperativa e contínua de uma reserva informacional.
A idéia de autor torna-se secundária ou mesmo inexistente.
O realizador transmidiático é um intérprete de um tema ou motivo pertencentes ao patrimônio de uma comunidade.
O realizador transmidiático é um organizador de uma criação coletiva, sem autor, um retransmissor inventivo.
Próxima leitura
}O inumano (Jean-François Lyotard), especialmente A obediência
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